Amêijoa asiática mudou o ecossistema no rio Minho
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Amêijoa asiática mudou o ecossistema no rio Minho
Amêijoa asiática mudou o ecossistema no rio Minho
Biólogo Ronaldo Sousa, da Universidade do Porto, avaliou a colonização de um troço de 40 quilómetros no rio Minho por um bivalve exótico e descobriu que ela conseguiu uma produtividade recorde. A amêijoa adaptou-se às condições e ocupou o espaço, quase eliminando outras espécies
Espécie invasora colonizou o rio em duas décadas
Olhando com atenção para o rio, num troço de cerca de 40 quilómetros, até Vila Nova de Cerveira e Valença, percebe-se que a água está mais clara. "Vê-se a olho nu", diz o jovem biólogo Ronaldo Sousa, que há anos estuda no rio Minho a praga que a amêijoa asiática (Corbicula fluminea) ali se tornou nas últimas duas décadas. A água está mais clara exactamente por causa das amêijoas, que a filtram, adianta o biólogo da Universidade do Porto.
A produção daquele bivalve é tal na zona que ocupa mesmo o segundo lugar no ranking mundial de produtividade para um organismo num ecossistema de água doce. Esse foi, aliás, um dos resultados do estudo de Ronaldo Sousa, agora publicado na revista científica Estuarine, Coastal and Shelf Science.
A lição sobre os impactos que uma espécie exótica invasora pode ter num ecossistema levou a Comissão Europeia a pegar nos dados do biólogo e a divulgá-los, no dia 20 deste mês, no seu serviço de notícias de ambiente. Objectivo: chamar a atenção para o potencial problema que este tipo de situações coloca. "Evitar a introdução de espécies exóticas invasoras em sistemas aquáticos pode ser uma importante medida de conservação", alertam os serviços Bruxelas responsáveis pelo ambiente a propósito do estudo.
A amêijoa asiática foi detectada pela primeira vez no rio Minho em 1989. Antes disso, já tinha chegado ao Tejo, talvez à boleia em navios de transporte, a forma mais comum de as espécies marinhas emigrarem para paragens distantes dos seus habitats de origem. Do Tejo para Minho foi uma questão de tempo. "Pode ter sido introduzida no Minho por pescadores, que a utilizassem como isco na pesca à linha, ou transportado por aves", explicou ao DN Ronaldo Sousa, sublinhando que a causa exacta "é impossível de determinar".
O certo é que em 1989 esta amêijoa, que é um petisco para os asiáticos, surgiu no Minho. E daí para cá a sua proliferação foi estonteante. A tal ponto que Ronaldo Sousa, então a fazer o doutoramento na Universidade do Porto, decidiu investigar o que se estava a passar. "Fizemos a comparação com a situação no rio Lima e descobrimos que no Minho a abundância desta amêijoa chega a ser cem vezes maior, com 1200 unidades por metro quadrado". Uma tal colonização não podia deixar de ter impactos na fauna autóctone. O mexilhão de água doce, que existia em grande quantidade no rio Minho, foi um dos mais afectados e já desapareceu mesmo de algumas zonas no rio. A amêijoa asiática adaptou-se tão bem, que ocupou o espaço todo. Ronaldo Sousa, agora com uma bolsa de pós-doutoramento no laboratório CIMAR da Universidade do Porto, e também na Universidade de Cambridge, já está com outra pergunta entre mãos: será que as conchas das amêijoas que vão morrendo e se acumulam no fundo do rio vão servir de habitat a outros organismos, como pequenos crustáceos, por exemplo, favorecendo assim a biodiversidade? O trabalho já está em marcha.
Biólogo Ronaldo Sousa, da Universidade do Porto, avaliou a colonização de um troço de 40 quilómetros no rio Minho por um bivalve exótico e descobriu que ela conseguiu uma produtividade recorde. A amêijoa adaptou-se às condições e ocupou o espaço, quase eliminando outras espécies
Espécie invasora colonizou o rio em duas décadas
Olhando com atenção para o rio, num troço de cerca de 40 quilómetros, até Vila Nova de Cerveira e Valença, percebe-se que a água está mais clara. "Vê-se a olho nu", diz o jovem biólogo Ronaldo Sousa, que há anos estuda no rio Minho a praga que a amêijoa asiática (Corbicula fluminea) ali se tornou nas últimas duas décadas. A água está mais clara exactamente por causa das amêijoas, que a filtram, adianta o biólogo da Universidade do Porto.
A produção daquele bivalve é tal na zona que ocupa mesmo o segundo lugar no ranking mundial de produtividade para um organismo num ecossistema de água doce. Esse foi, aliás, um dos resultados do estudo de Ronaldo Sousa, agora publicado na revista científica Estuarine, Coastal and Shelf Science.
A lição sobre os impactos que uma espécie exótica invasora pode ter num ecossistema levou a Comissão Europeia a pegar nos dados do biólogo e a divulgá-los, no dia 20 deste mês, no seu serviço de notícias de ambiente. Objectivo: chamar a atenção para o potencial problema que este tipo de situações coloca. "Evitar a introdução de espécies exóticas invasoras em sistemas aquáticos pode ser uma importante medida de conservação", alertam os serviços Bruxelas responsáveis pelo ambiente a propósito do estudo.
A amêijoa asiática foi detectada pela primeira vez no rio Minho em 1989. Antes disso, já tinha chegado ao Tejo, talvez à boleia em navios de transporte, a forma mais comum de as espécies marinhas emigrarem para paragens distantes dos seus habitats de origem. Do Tejo para Minho foi uma questão de tempo. "Pode ter sido introduzida no Minho por pescadores, que a utilizassem como isco na pesca à linha, ou transportado por aves", explicou ao DN Ronaldo Sousa, sublinhando que a causa exacta "é impossível de determinar".
O certo é que em 1989 esta amêijoa, que é um petisco para os asiáticos, surgiu no Minho. E daí para cá a sua proliferação foi estonteante. A tal ponto que Ronaldo Sousa, então a fazer o doutoramento na Universidade do Porto, decidiu investigar o que se estava a passar. "Fizemos a comparação com a situação no rio Lima e descobrimos que no Minho a abundância desta amêijoa chega a ser cem vezes maior, com 1200 unidades por metro quadrado". Uma tal colonização não podia deixar de ter impactos na fauna autóctone. O mexilhão de água doce, que existia em grande quantidade no rio Minho, foi um dos mais afectados e já desapareceu mesmo de algumas zonas no rio. A amêijoa asiática adaptou-se tão bem, que ocupou o espaço todo. Ronaldo Sousa, agora com uma bolsa de pós-doutoramento no laboratório CIMAR da Universidade do Porto, e também na Universidade de Cambridge, já está com outra pergunta entre mãos: será que as conchas das amêijoas que vão morrendo e se acumulam no fundo do rio vão servir de habitat a outros organismos, como pequenos crustáceos, por exemplo, favorecendo assim a biodiversidade? O trabalho já está em marcha.
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